DANIELLE RAMOS
( Pará )
Paraense, psicóloga e poeta.
Participou das três última edições do Anuário da Poesia Paraense.
VII ANUÁRIO DA POESIA PARAENSE. Airton Souza organizador. Belém: Arca Editora, 2021. 221 p. ISBN 978-65-990875-5-4
Ex. Antonio Miranda
quatro cantos da presença
Partindo lá adiante
viu uma pequena brecha entre os caminhos
hesitou, quis voltar, quis de novo
tudo nos rastros, tudo na vida espalmada, tingida de cinza, esfumaçada no tempo
renovou as crenças na tal força maior (e em cada detalhe visto)
assimilou com afago a inquietude de todas as dúvidas
inconfidente, insistiu em perguntar, inquiriu a existência
dessa vez, reconhecendo a riqueza na beleza ambígua
da boca que não responde
do silêncio que chia
do olhar assíduo que resseca
da noite que acorda os olhos
aninhou-os
um na rede, dois na beirada da cama, outro agarrado ao peito
adormeceu com eles para descobrir as sutilezas escondidas no dia
aquelas que doam promessas de aurora
sorriu, vertendo saudades (de si)
na palma da mão, sem querer, achou-se
(aos ciclos)
Tem partida, tem chegada, tem partida... e o que segue
— ai que saudade dos pés na areia —
carrego memórias, reinvento, costuro sonhos (mesmo aos remendos,
faço, faço de novo, repito indesejavelmente ou quero o meu desejo
insistente (às vezes, também há de se dizer não... penas ou sorte?)
abro a portas, ergo janela, escancaro invisíveis gavetas, corro algum
canto e grito (em resposta, ouço o som das ondas), desacelero,
sublinho o vento, ergo a mão, mais alto, sim, é isso, quero encostar
no teto de um céu branco-azulado, ultrapassá-lo, espiar mais além
e só derreter para evaporar no vento, água em pouso, repouso,
ser de voo que deita.
se vou fechando é tão somente para isso, abrir e fazer nascer,
começo o recomeço... daqui, só o que segue.
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Página publicada em março de 2022
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